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quarta-feira, 21 de março de 2012

UM POUCO DE MIM

Quem sou eu

Sou aquilo que a vida me permite sê-lo, numa travessia simplória nesse passeio terreno. De mim nada mais que a imagem dos sonhos que planto e rego, embora, por vezes não se saciem. Hoje, no tempo presente, um pretérito imperfeito conjuga meus verbos: amar, sonhar, viver, sorrir, chorar... Em uma infinidade de tempos, modos, com mil e uma desinências... Viver é o que vale, valer-se do que se vive. Sou então, contradição, emoção, intelecto, pulsar. Sou parte e sou todo, minúcia, retalho, átomo, mola mestra... Não me defino, pois, a própria vida de que faço parte se faz indefinível. O que poderia dizer de mim, nessa performance de  meu auto conhecer?  Ser inacabado que se compreende falho, mas, não se abstém de querer mais acertos, que sem alardes passa pela vida, mas, não sem antes lançar algumas fagulhas de existencialismo, que vê nos livros a semente de conhecimento que movimenta os moinhos da sabedoria, alguém que se permite embriagar-se de vinhos e de palavras rabiscadas a qualquer impulso, em qualquer papel, fixadas em linhas e movidas pelo desejo das entrelinhas enigmáticas. Não... Não poderia permitir uma tradução para aquilo que sou, pois o ser que vive em mim ainda não se fez conhecedor de si mesmo, antes indecifrável do que irreconhecível, sou eu, junção de afetos, crenças, sanidade. Antes, profunda e palpável, mas, em mim mesma, ser em construção, ou ainda, mitologicamente indecifrável. O que dizer então? Recorro à mitologia dos enigmas: “Decifra-me, ou te devoro.” Assim serei eu então, uma eterna busca por me descobrir para apresentar-me ao outro tal como sou.

ADRIANA PESCA

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